quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Epagri (SC) vence em seis categorias do Prêmio Expressão de Ecologia e se firma como a maior campeã da história da premiação

A Epagri foi vencedora em seis categorias do 27º Prêmio Expressão de Ecologia (2020-2019). Com o resultado, divulgado no dia 21 de julho, a Empresa firma-se como a maior campeã da história do Prêmio, somando 22 Troféus Onda Verde, contra 18 da segunda colocada. Também foi a instituição mais vezes premiada nesta edição.

Para levar os seis troféus, a Epagri concorreu com outros 164 projetos inscritos, entre os quais foram selecionados 27 vencedores. Esta é a maior premiação ambiental do país no segmento empresarial com reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente e se destaca como a de maior longevidade ininterrupta. Ainda não há data para a cerimônia de entrega dos troféus.

“O destaque que a Epagri vem recebendo em sucessivas edições do Prêmio Expressão de Ecologia prova que estamos cumprindo com o estabelecido em nossa missão, de promover o desenvolvimento sustentável do meio rural. A sustentabilidade está no cerne de nossas ações de pesquisa e extensão e é com este foco que temos entregues soluções inovadoras para a sociedade catarinense”, pondera a presidente ad Epagri, Edilene Steinwandter.

Conheça os projetos da Epagri premiados com o Troféu Onda Verde:

Meliponicultura: Preservação Ambiental e Segurança Alimentar

Meliponicultura é fonte de renda para mais de 6 mil famílias rurais de SC. Foto Rafael Censi / Epagri

Preocupada com o desaparecimento das abelhas e atenta à importância delas para o meio ambiente e para a produção de alimentos, a Epagri vem desenvolvendo diversas ações para a preservação, o manejo e a multiplicação de espécies nativas de abelhas sem ferrão. O trabalho resulta na introdução de abelhas nativas no bioma Mata Atlântica e transforma a atividade em fonte de renda para mais de 6 mil famílias rurais.

Em 2019 a Epagri atendeu 3.545 famílias e 117 entidades com ações de assistência técnica em abelhas sem ferrão. Foram 709 atividades que incluíram visitas e atendimentos presenciais, reuniões, cursos, palestras, oficinas, encontros e seminários. O objetivo é formar multiplicadores para o manejo das espécies de abelhas autóctones e influenciar de maneira positiva as pessoas com interesse na criação de abelhas nativas.

O projeto venceu na categoria Conservação da Vida Silvestre

Utilização de Energia Solar Fotovoltaica para Distribuição de Água

Conseguir água para o consumo, preservar essa água limpa e fazer com que ela chegue até o produtor rural para atender as suas necessidades diárias é o grande desafio econômico e socioambiental do projeto, vencedor na categoria Energias Limpas – Setor Público.

Desenvolvida no município de Petrolândia, a solução para dar mais conforto aos animais e aumentar a produção leiteira foi viabilizar alternativas energéticas locais, renováveis e não poluentes, através do bombeamento da água movido a energia solar fotovoltaica. Com baixo impacto ambiental e de fácil instalação e utilização pelos agricultores, a tecnologia é capaz de suprir o fornecimento de água a longas distâncias e elevações e pode ser utilizada em locais isolados, onde a rede elétrica é deficitária.

Caminho da Mata Atlântica – Trilhas como Ferramenta para Conservação Ambiental

O projeto prevê a visitação em trilhas da Mata Atlântica como uma ferramenta de conservação. Em 2019 foram criados grupos técnicos municipais, constituídos por representantes de toda a sociedade, responsáveis em promover a estruturação das trilhas e gerar na sociedade um sentimento de pertencimento à floresta.

A proposta é cadastrar os empreendimentos turísticos – que vão de produtores rurais, que terão seus produtos disponibilizados aos visitantes, até pousadas e pontos turísticos. Contempla oficinas para demarcação das trilhas, recrutando voluntários que contribuem para a conservação ambiental. A educação ambiental é foco do projeto em mais de 50 escolas, e em 2021 será realizado o 1º Concurso Fotográfico para os alunos.

O Caminho da Mata Atlântica se estende do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro. Em Santa Catarina são cerca de 400km de trilhas, mapeadas em 17 municípios da região da Grande Florianópolis. O trabalho desenvolvido no trecho catarinense se tornou referência nacional, devido à metodologia participativa adotada e aos resultados alcançados, e foi premiado na categoria Turismo e Qualidade de Vida.

Sensibilização Socioambiental: Compromisso Epagri-Escola por um Futuro Melhor

Produção de mudas para recuperação de áreas, produção de composto a partir de resíduos orgânicos e cultivo de alimentos e plantas medicinais foram os caminhos encontrados pela Epagri para sensibilizar alunos e comunidade da Escola de Educação Básica José Clemente Pereira, no município de José Boiteux.

A reciclagem de três toneladas de resíduos orgânicos que seriam encaminhadas ao aterro sanitário foi um dos principais resultados do projeto. Além disso, estão sendo recuperadas quatro hectares de áreas degradadas e de preservação com plantio de mudas florestais produzidas no viveiro da escola.

O projeto venceu na categoria Educação Ambiental – Setor Público.

Tecnologia e Extensão Rural: Fatores de Conservação Ambiental e Sucesso da Agricultura Familiar

A propriedade da família Jochem, em Rio do Oeste, aderiu às tecnologias da Epagri e se tornou referência em sustentabilidade, feito pelo qual o projeto foi premiado na categoria Agricultura. A propriedade, de 20 hectares, tem 35 vacas leiteiras que produzem 385 mil litros de leite ao ano.

A família dispõe de um silo secador para secar e armazenar 2 mil sacas de milho, cultivados sob os princípios da agricultura conservacionista. Possui um biodigestor, que produz 7 mil metros cúbicos de biogás ao ano. Conta também com uma esterqueira líquida, que permite a utilização de 4 mil litros por dia de dejetos bovinos na fertirrigação das pastagens, além de uma cisterna que armazena 163 metros cúbicos de água da chuva. A saúde e bem-estar dos animais é mantida com homeopatia. Assim, a propriedade tornou-se uma unidade de referência técnica, caracterizada pela diversificação na adoção de tecnologias preconizadas pela Epagri, e serve de modelo para agricultores da região.

Melhoria Produtiva de Áreas de Caíva

No Planalto Norte de Santa Catarina existem as caívas, áreas onde a Floresta Ombrófila Mista é mantida em harmonia com a criação animal e a extração de erva-mate. Apesar de ocuparem mais de 100 mil hectares, há poucas informações sobre essas áreas. Desvalorizadas e com inseguranças legais, centenas de hectares de caívas têm sido substituídos por reflorestamentos, com enormes perdas para a biodiversidade.

Para reverter essa situação, a Epagri e entidades parceiras têm realizado pesquisas cujos resultados promovem aumento de 400% da produção animal nas caívas, com manutenção do estrato arbóreo, regeneração florestal ativa, adequação legal das propriedades e aumento significativo de renda para as famílias envolvidas.

Por essas ações a Epagri foi premiada na categoria Manejo Florestal Sustentável – Setor Público, no município de Canoinhas.

Confira a lista completa de vencedores do Prêmio Expressão de Ecologia.

Fonte: Notícias Agrícolas (Sec. de Agricultura de SC)

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Desmatamento de árvores nativas do Pantanal ameaça preservação da arara-azul

Árvores que servem como casa e comida das aves estão entre as mais desmatadas, aponta estudo

Preservação da arara-azul, um dos símbolos da fauna pantaneira, está sendo prejudicado devido ao desmatamento da flora nativa do Pantanal.

Informação foi apresentada por pesquisadores da Universade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

De acordo com a professora Letícia Couto Garcia, integrante do Laboratório de Ecologia da Intervenção (LEI) e do Instituto de Biologia (Inbio-UFMS), estudos prévios indicam declínio populacional da sterculia apetala, o manduvi, que é uma planta de grande relevância biológica.

“A árvore do manduvi é a espécie escolhida em 90% das vezes pela arara-azul para nidificar, para cavar o buraquinho e fazer seu ninho. Está ocorrendo o declínio populacional dessa espécie e isso provavelmente vai afetar a população das araras-azuis”, explicou.

A palmeira conhecida como acuri também é outra espécia considerada essencial para a sobrevivência da arara-azul e também vem sofrendo com o avanço do desmatamento no Pantanal.  

Enquanto o manduvi é a casa, a acuri é a principal fonte de alimentação da ave.

“Cerca de 94% das vezes que ela se alimenta é dos frutos da acuri, a attalea phalerata, que é uma palmeira. Então, a arara-azul é muito dependente dessas duas espécies de vegetais”, afirma Letícia.

Conforme a pesquisadora, o arco do desmatamento abrange o corredor da borda leste do Pantanal, que compreende os municípios de Corumbá, Coxim, Sonora e Rio Verde de Mato Grosso.

Há a população do norte e a do sul da arara-azul, que é dividida pela região do Paiaguás. Para as duas populações se comunicarem, elas precisam dos corredores da borda oeste e  o da borda leste, que é o que está no arco do desmatamento.

“Ao mesmo tempo essa região é modelo para a ocorrência dessas três espécies, o manduvi, a acuri e a arara-azul. É uma região que tem grande possibilidade de ser desmatada, mas que é importante como corredor biológico dessas duas populações de arara-azul para que elas mantenham sua diversidade genética. A gente deveria então priorizar essas áreas para conservação e para restauração dessa espécie bandeira do Pantanal, que é a arara-azul”, aponta.

O estudo foi realizado a partir do Acordo de Cooperação entre o Instituto Arara Azul e a UFMS, com colaboração da Embrapa Pantanal.

Por: Glaucea Vaccari | Fonte: Correio do Estado (MS)

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Fundação lança a campanha “Ajude o Projeto Tamar”

O Projeto TAMAR começou a proteger as tartarugas marinhas em 1980. (Foto: Divulgação/Tamar)

Os Centros de Visitantes da Fundação Projeto Tamar junto com as lojas e as confecções são as principais estruturas de arrecadação da instituição. Além disso, são importantes meios de comunicação com a sociedade e de geração local de emprego e renda. Todo o recurso adquirido é revertido para as ações de conservação das tartarugas marinhas.

Em virtude da pandemia do Covid-19, os Centros de Visitantes e Lojas Tamar permaneceram fechados por vários meses, cessando assim a arrecadação de recursos. Nesse período, seguimos contando com a Petrobras, patrocinadora oficial da Fundação Projeto Tamar, e com parceiros locais que nos apoiam. Agora, com a retomada gradual das atividades de visitação, de forma segura, a fim de continuar com os cuidados para o combate à disseminação do coronavírus, a Fundação Projeto Tamar lança a campanha “Ajude o Projeto Tamar”, que disponibiliza ao público a compra online e antecipada de ingressos aos Centros de Visitantes, através do site https://www.ingressorapido.com.br/event/34388-1

O voucher gerado poderá ser utilizado em até um ano, nos horários de funcionamento do Centro de Visitante escolhido, a partir da data de retomada das atividades em cada localidade em que estamos presentes.

“Temos 12 lojas e nove centros de visitação e de educação ambiental que respondem por cerca de 70% do orçamento anual do projeto. Os espaços ficaram fechados ao público, mas continuaram funcionando, pois em seus aquários e piscinas vivem animais que dependem dos cuidados de nossa equipe, agora em reduzido número de funcionários que trabalham na sua manutenção. “Essa campanha tem como objetivo levantar fundos para auxiliar nessas ações”, comenta César Coelho, Coordenador Nacional de Sustentabilidade.

Além do ingresso antecipado, o público também pode vestir esta causa visitando nossa loja virtual e adquirindo uma lembrança, desde camiseta até máscaras de proteção individual (tudo feito nas confecções do Projeto Tamar): www.lojatamar.org.br.

Para saber mais como ajudar a Fundação Projeto Tamar, acesse o site www.tamar.org.br ou o Instagram: projeto_tamar_oficial. A campanha estará vigente apenas durante o período restritivo à visitação.

Sobre o Tamar

A Fundação Projeto Tamar começou a proteger as tartarugas marinhas no Brasil em 1980. Executa a maior parte das ações descritas no Plano de Ação Nacional para a Conservação das Tartarugas Marinhas (PAN). A Petrobras é a patrocinadora oficial da Fundação Projeto Tamar por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

O Tamar trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no país, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). O projeto protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina.

Fonte: PortalR3

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Felinos do Pampa: bioma é casa para espécies raras e ameaçadas

Gato-palheiro é felino endêmico da região; acredita-se que o último indivíduo de onça-pintada foi abatido por caçadores na década de 1950


O Pampa, bioma restrito ao estado do Rio Grande do Sul, é casa para sete das dez espécies de felinos que ocorrem no Brasil. No entanto, o status de conservação de todos eles na região preocupam: três felinos efetivamente ocorrem no bioma e outros quatro são raramente observados.

“No Pampa as espécies que não foram extintas estão ameaçadas. É o caso do gato-palheiro-pampiano (Leopardus munoai), espécie endêmica do bioma que já perdeu mais de 80% do habitat para a agricultura. O felino deve ser considerado um dos mais criticamente ameaçados de extinção em todo o Planeta”, destaca Tadeu Gomes de Oliveira, pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão especialista em felinos.

A espécie, que é conhecida mundialmente como ‘pampas cat’, já chegou a habitar todas as regiões pampianas, mas hoje tem registros pontuais concentrados no oeste do bioma. “O gato-palheiro-pampiano tem a situação conservacionista mais preocupante. Seus registros são escassos e a base de dados atuais envolvendo a espécie parte de animais atropelados nas rodovias”, lamenta o pesquisador, que ressalta a importância de estudos recentes sobre o animal.

“As análises de taxonomia, genética, morfologia e ecologia reconheceram o gato-palheiro do Pampa como uma nova espécie para a ciência, sendo endêmica do bioma. Como agravante, os estudos genéticos demonstram que essa unidade possui considerável isolamento das demais populações da espécie na América do Sul. Ou seja, sua extinção não poderia ser compensada pela recolonização dos gatos-palheiros vindos de outras áreas”, diz.

A escassez de informação sobre o felino também preocupa a pesquisadora Marina Favarini. “A situação crítica da espécie e a redução da população em algumas dezenas de indivíduos soma-se ao problema da inexistência de informações sobre a ecologia e biologia do gato-palheiro. Não sabemos as necessidades básicas para a existência desse pequeno felino campestre, talvez ele seja extinto antes de ser devidamente conhecido do ponto de vista ecológico”, completa.

Gato-palheiro-pampiano (Leopardus munoai) é endêmico do Bioma e já perdeu mais de 80% do habitat para a agricultura.

Outra espécie pouco observada na região é o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus), restrito à zona de transição entre o Pampa e a Mata Atlântica, na região central do Rio Grande do Sul. “Embora a espécie adentre eventualmente extremo norte do Pampa, não pode ser de fato considerado um felino típico do bioma e, por isso, também se torna raro”, finaliza a bióloga.

Famosos do Pampa

Na lista das espécies comuns do bioma estão o gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi), abundante em toda a região; o gato-maracajá (Leopardus wiedii), encontrado em matas ciliares; e o gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi), que possui população estável.

A facilidade de encontrá-los, porém, não suspende a preocupação com a conservação das espécies. “Para a maioria delas ainda não se sabe nem o básico. É necessário refinar as áreas de ocorrência, estudar o comportamento espacial, trófico e temporal dos felinos, assim como a história evolutiva. Também é preciso fazer Planos de Conservação que minimizem abates por retaliação aos supostos predadores das criações domésticas”, explica Fábio Mazim, ecólogo especialista em carnívoros.

“Gatos de pequeno porte são mortos como retaliação por predarem as criações domésticas. Já a onça-parda (Puma concolor) é perseguida pelo ataque aos rebanhos de ovinos”, diz.

"Muita coisa mesmo ainda se faz necessária, mas na ótica da conservação as mais urgentes na atualidade são as baixas populacionais, resultados de atropelamentos em rodovias e caça como retaliação" — Fábio Mazim, ecólogo especialista em carnívoros.

Ausentes

Os abates por retaliação também fizeram vítima a onça-pintada (Panthera onca). “A espécie foi extinta no Pampa pelo somatório da caça, da perda de habitat e da extinção de suas presas de grande porte, com a anta, o queixada, o cateto, o cervo-do-pantanal e o tamanduá-bandeira”, explica Fábio.

O felino, ameaçado de extinção no Brasil, deixou de ser registrado no Pampa na década de 1950. “Em uma de minhas expedições pampianas encontrei sob posse de caçadores a pele, o crânio e fotos antigas de uma caçada, daquele que possivelmente tenha sido o último exemplar de onça-pintada abatida no Pampa, datado de 1952. Segundo os caçadores, o macho adulto de 86 quilos foi morto por predar uma criação de porcos”, comenta.

"Segundo ruralistas e caçadores, após esse abate, nunca mais foi relatada a presença de onças-pintadas no Pampa gaúcho. Por triste coincidência, ou força do destino, é possível que o Fábio tenha tido em mãos, a pele e o crânio do último exemplar vivo de onça-pintada a esturrar em solo pampiano, o qual eternizou o silencio de uma espécie na moldura de um retrato e numa pele furada por chumbo, estaqueada na parede de um galpão" — Felipe Peters, pesquisador.

Entre as espécies raras e criticamente ameaçadas do Bioma destaca-se a jaguatirica (Leopardus pardalis) : os últimos registros são de 1890. “Os flagrantes da época foram feitos em regiões com maior cobertura florestal, onde estão presentes os maiores rios e as maiores áreas de floresta ciliar”, explica Felipe Peters, pesquisador especialista em mamíferos que, depois de um intervalo secular de registros, filmou um indivíduo com ajuda de armadilhas fotográficas.

“Nós flagramos a jaguatirica na Estação Ecológica do Taim, extremo Sul do bioma, situada próxima à fronteira com o Uruguai. Foi em uma região de banhados e lagoas, com pouca mata nativa, onde nunca houve registros históricos e nem relatos da espécie”, diz.

Outro flagrante que chamou atenção foi em 2015, quando Fábio encontrou pegadas de um adulto cruzando uma estrada no município de Santiago. “Esses dois registros ‘contemporâneos’ contam com os mais austrais de jaguatirica do Mundo, e talvez um atestado de recolonização da espécie dentro do Pampa”, finaliza o pesquisador.

A lista de registros antigos no bioma conta também com flagrantes da onça-parda (Puma concolor), conhecida regionalmente por leão-baio. “Até a década de 1900 a espécie ocupava todo o território pampiano. Atualmente, existem três registros concretos do felino, entre 2004 e 2010, baseando-se no encontro de pegadas e observação visual”, comenta Fábio, que destaca as principais ameaças à espécie.

“Nas regiões onde a agricultura domina o uso da terra, o puma não é mais registrado. No Norte do Rio Grande do Sul, fora do Pampa, onde estão presentes os campos com capões de araucária, a espécie é muito perseguida por predar os rebanhos de ovelha. Provavelmente o mesmo tenha acontecido no Pampa, já que é um bioma emblemático para a criação de ovinos”, diz.

Por: Giulia Bucheroni | Fonte: G1

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Monitoramento das baleias-francas em SC tem início com a chegada dos estagiários

As enseadas serão monitoradas por uma equipe de 15 estagiários de diversas partes do país


A temporada reprodutiva das baleias-francas já começou e com ela o ProFRANCA, que conta com patrocínio da Petrobras, está iniciando as atividades de pesquisa para coleta de dados através de ponto fixo. De agosto a novembro, um monitoramento sistemático será realizado na região da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, contribuindo com a conservação da espécie.

A metodologia empregada dá continuidade aos estudos de longo prazo realizados pelo Instituto Australis, para avaliar a abundância, o padrão de distribuição, a sazonalidade e o comportamento das baleias-francas.

Os pontos fixos são estrategicamente localizados em pontos altos para ter ampla visibilidade das enseadas monitoradas, e melhor campo de visão para registro das baleias avistadas. Ao todo, em 2020, serão monitorados 15 pontos fixos desde o Farol de Santa Marta em Laguna até a praia de Pinheira em Palhoça.

As enseadas serão monitoradas por uma equipe de 15 estagiários de diversas partes do país, que foram selecionados por meio de um edital e devidamente capacitados. Os estagiários são estudantes de biologia, medicina veterinária, oceanografia e áreas afins, que buscam experiências práticas em campo, complementando sua formação além das aulas na universidade, e são imprescindíveis para a realização da pesquisa.

Com este trabalho, graças ao patrocínio Petrobras, o ProFRANCA contribui com a capacitação e preparação dos estudantes para o mercado de trabalho, sendo peça essencial na formação dos mesmos.


“Este ano a chegada dos estagiários teve que sofrer ajustes devido ao cenário atual da pandemia de Covid-19, e o treinamento teórico foi realizado por vídeo conferência, entre os dias 17 e 27 de julho”, informa o gerente do ProFRANCA,  Eduardo Renault.

Além disso, os estagiários estão chegando em grupos e são submetidos ao teste rápido para verificar sua condição de saúde com relação à Covid-19, e após a liberação do resultado e estando bem, são encaminhados ao treinamento prático. Todas as medidas de cuidado recomendadas pelos órgãos competentes estão sendo tomadas.

“Os estagiários também irão auxiliar na recepção do público em nosso Centro de Visitantes, que está sendo revitalizado e irá reabrir assim que for permitido, de acordo com os decretos relacionados à pandemia”, explica Katia Bolis, coordenadora do Núcleo de Educação Ambiental do ProFRANCA.

A temporada reprodutiva das baleias-francas vai de julho a novembro com pico de ocorrência em setembro, quando será realizado o principal sobrevoo de monitoramento da espécie. Este ano o ProFRANCA também realizará saídas embarcadas para realização de um estudo inédito sobre a ecologia alimentar das baleias-franca. Para saber mais visite www.baleiafranca.org.br e acompanhe nossas redes sociais @institutoaustralis.

O ProFRANCA - Projeto Franca Austral - é realizado pelo Instituto Australis e conta com apoio do Programa Petrobras Socioambiental.

Fonte: Engeplus

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Projeto Tamar retoma pesquisas com tartarugas em Noronha

Por causa da pandemia, projeto ambiental ficou mais de quatro meses sem atividades de monitoramento dos animais


Os pesquisadores do Projeto Tartarugas Marinhas (Tamar) retomaram as atividades de campo, em Fernando de Noronha, depois de mais de quatro meses paralisados (veja vídeo acima). Os trabalhos foram suspensos por causa da pandemia do novo coronavírus. No dia 12 de agosto, os estudiosos fizeram a terceira captura científica, com mergulho no Porto de Santo Antônio.

A volta das atividades é importante para o estudo das tartarugas, segundo o projeto. “Esse trabalho de captura nos fornece dados sobre acompanhamento dos deslocamentos dos animais, hábitos comportamentais, desenvolvimento e taxa de sobrevivência das tartarugas”, informou a bióloga Rafaely Ventura, pesquisadora do Tamar.

Os pesquisadores realizaram a captura da tartaruga na Praia do Porto | Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo

No retorno aos mergulhos, os pesquisadores avaliaram que as tartarugas estão mais ariscas. “É como se elas tivessem se readaptado sem a nossa presença. Os animais estão um pouco assustados. Antes era mais suave. Mesmo assim, nós podemos dizer que as tartarugas estão bem”, avaliou a bióloga.

O Projeto Tamar ganhou um reforço. O surfista local e mergulhador Buday Santos resolveu ser voluntário. Buday também trabalha com o turismo, que está parado em Noronha por causa da pandemia. Por isso, apresentou-se para reforçar o time do projeto ambiental.

“É gratificante fazer essa ação. Eu também trabalho com o turismo e, por isso, é importante entender o comportamento das tartarugas. Os animais estão diferentes. Consegui ver uma quantidade maior de tartarugas e isso é muito bom”, relatou Buday.

Na falta dos turistas, os moradores viram o trabalho dos pesquisadores com mais tranquilidade. “Eu nunca tinha visto a tartaruga fora da água e achei lindo. Minha filha Helena, que tem 6 anos, também acompanhou. Eu acho isso muito bom”, disse a enfermeira Aranda Almeida.

Por: Ana Clara Marinho | Fonte: G1

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Parque Nacional do Iguaçu registra três filhotes de onça-pintada


Por meio de armadilhas fotográficas instaladas nas florestas do Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, foram registrados três filhotes de onça-pintada. Um macho de cerca 8 a 9 meses, filho da onça chamada de Índia, e os outros dois, ainda sem sexo confirmado, com idade estimada em 7 meses, filhos da Cacira. O monitoramento da população dos felinos no parque é feito pelo projeto Onças do Iguaçu, que viu as imagens de ambas as mamães no final do ano passado que indicavam a gravidez delas. Desde então, os pesquisadores aguardavam ansiosos pela oportunidade de flagrar os filhotes nas câmeras e confirmar a nova geração de pintadas do parque.

As mães, Cacira e Índia, foram vistas pelas armadilhas fotográficas em dezembro e outubro do ano passado, respectivamente. Na época dos registros, Cacira exibia uma pele flácida na região do abdômen, o que indicava um parto recente. Já Índia apresentava uma barriga de gravidez. Em ambos os casos, os pesquisadores ficaram ansiosos na expectativa de registrar os prováveis filhotes e só agora tiveram a confirmação visual dos novos moradores do parque.

O último registro que o projeto havia feito de filhotes foi em 2018, quando a fêmea Atiaia teve 3 filhotes. As onças-pintadas (Panthera onca) podem ter de 1 a 4 filhos por vez, sendo mais comum apenas 1 ou 2. Os filhotes geralmente ficam com a mãe até cerca de dois anos de idade, quando se separam e vão buscar seu próprio território.

Os pequenos felinos são um indício de que a população de onça-pintada que vive no corredor de Mata Atlântica entre os parques nacionais do Iguaçu, do lado brasileiro, e do Iguazu, do lado argentino, podem estar se recuperando. Segundo os pesquisadores, isso mostra que essa “é a única população de onças-pintadas da Mata Atlântica que está comprovadamente crescendo”.

O último censo, realizado em 2018, contabilizou 28 onças-pintadas no Parque Nacional do Iguaçu e 105 no Corredor Verde entre Brasil e Argentina, que representam aumentos de 27% e 16,7% respectivamente. O corredor de florestas entre os dois países é o maior núcleo remanescente das sub-populações de onças-pintadas na Mata Atlântica em nível mundial. Segundo os pesquisadores, a capacidade de suporte do território do Corredor é estimada em 250 animais. “Então ainda temos um longo caminho pela frente”, explicam em nota.

Os censos de onça são realizados de dois em dois anos, coordenados pelo projeto Onças do Iguaçu e pela equipe argentina do Proyecto Yaguareté. O censo de 2020 foi adiado em função da pandemia, e a expectativa é de que ele possa ser realizado no final do ano.

Por: Duda Menegassi | Fonte: o eco